O mundo dos símbolos é verdadeiramente estimulante.
Não falo dos símbolos como Carl G. Jung a eles se referia. Falo da representação de certos conteúdos, de idéias e conceitos, refiro-me a representações formais que tornam a linguagem um mar de riquezas profundas.
Na última semana, depois de uma fixação monofásica na posição estatista, o Governo só falou no pré-sal.
O nome é bom, rende excelente mote para a propaganda eleitoral que se avizinha.
Vejam só. O exercício de marketing aqui consiste em criar um ambiente de prenúncio misterioso – aponta para algo que vem, se aproxima sensivelmente, o médium mais-do-que-mediano logo percebe.
Claro, não é o sal da terra; nem uma formidável salina. Estamos apontando para um misterioso devir, algo cujo nome não se pronuncia e que, no entanto, logo se advinha num delicioso jogo coletivo de mistérios revelados.
Trata-se de estimular um imaginário coletivo que se rende às imagens de um passado mítico. O Governo veicula o tíquete para o bonde que nos leva aos anos dourados. Afinal, o petróleo é ouro. Ouro negro. O “petróleo é nosso”, assim como Deus é brasileiro e é preciso levar vantagem em tudo, certo?
Mas a tirada genial, aparentemente incompreensível para os demais, ficou com o deputado Ronaldo Caiado.
Leiam atentamente o que disse o líder do Democratas:
O Executivo, durante 18 meses, se reúne a portas fechadas e elabora quatro projetos. Depois, os encaminha para a Câmara como se isso aqui fosse cartório de registro de imóveis, com um prazo de 45 dias para dar uma resposta a um projeto complexo, relevante, mas que não tem nada de urgente, uma matéria que só vai produzir efeitos para a sociedade brasileira em 2022.
Não é formidável? O que v. acha que o deputado quis dizer?