O fato do autor

O velhote encarquilhado ao lado, com o fato de corte quadrado e algo deselegante, nessa figuração trópica (generosidade calculada ou desequilíbrio essencial?), a barbica que viceja na pouca carne dos lábios – bigode ciliar, diria o meu amigo Waldir Arnaldo Martins – esse velho homem que me olha pelo olho de minha filha, quem sou?

Dependendo da sorte, meu caro leitor, pode calhar de ser o outro – esse que amanhece ao meu lado, obstinado, impaciente, azafamado pelas urgências e solicitudes esquecidas. Um historiador, portanto!

Não se iluda! Sou qualquer um, na infinita certeza de que tudo calha num fato.

Sérgio Jacomino.
Casa Amarela, 16/8/2007.