
Edmundo partiu. Registradores de todo o mundo pranteiam o seu passamento
Conheci o querido Edmundo Rojas García em 2006, em Santiago do Chile. Ou foi muito antes? Terá sido no XIII Congresso Internacional de Direito Registral realizado em 2001 no Uruguai? Ou no certame seguinte, em Moscou? Já não me lembro. Mas, afinal, o que importa?
O que sei é que Edmundo Rojas sempre esteve entre nós. Era uma presença constante, inspiradora. Esteve à frente do seu Ofício Predial de 1983 até o derradeiro dia. Foi, como se diz no Chile, Conservador de Bienes Raíces, Registro de Hipotecas y Gravámenes. Foi um homem além de seu tempo, como tive ocasião de dizer acerca do nosso Elvino. Ambos eram, de certo modo, parecidos na visão profética que tinham a respeito das grandes mudanças representadas pelo impacto de novas tecnologias no sistema registral. Foram, como disse Ezra Pound a respeito dos poetas, as “antenas da corporação”, captaram o sentido das mudanças e puderam dar ao sistema um impulso inicial que se mostrou fundamental no processo de transformações que ainda experimentamos.
Lembro-me agora de que talvez o tenha conhecido “por escrito”. Quando estava em Franca, isso lá pelos idos de 1994, 1995, via na internet as grandes transformações por que passavam os registros chilenos. Logo busquei informar-me e estabeleci uma interlocução com os nossos colegas que se manteria ao longo das décadas seguintes. Lembro-me de vários deles, especialmente de Elías Mohor, que esteve conosco em várias jornadas registrais e foi uma ponte que nos manteve em contato com os notários e registradores chilenos.
Tivemos a honra de privar alguns momentos de perfeito entendimento. Sempre houve entre nós, os chilenos e os espanhóis, uma certa identidade e solidariedade por termos em nossos países um regime jurídico muito semelhante. Estivemos muitas vezes em Santiago, visitando os nossos colegas registradores e sempre fomos recebidos de maneira magnífica. O povo chileno é encantador e os nossos colegas sempre honraram a tradição dessa nação gentil e acolhedora.
Edmundo partiu. Com ele se despede uma fração essencial do corpo de registradores do mundo. Leva, querido Edmundo, um forte abraço e o agradecimento de toda uma geração de registradores pela obra que certamente nos dará belos frutos.
Há tantas outras histórias que poderiam ser contadas… Deus meu! Quem nos lerá nestes tempos ligeiros? Deixemos ao menos registrado nos anais do IRIB a mensagem que nos legou Edmundo. Ela é eloquente. É um testamento moral para todos os registradores – brasileiros, chilenos, espanhóis e de todo o mundo (Sérgio Jacomino).
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